LP 2020
Filipe Garcia voluntariamente ambíguo, problematiza questões fundamentais do âmbito da investigação cognitiva, numa estrutura semanticamente profunda a determinar as representações e as suas relações sintacticamente densas. Encontramos na sua obra analogias e semelhança com o mundo físico da estrutura atómica e as suas leis e com o mundo psíquico. Nas questões que a obra permite encontramos a problematização da heterogeneidade da experiência espacial e da percepção no tempo em interacção íntima, como condições de possibilidade da experiência e sua inteligibilidade. Reinterpretam-se as relações entre local e global na combinatória de um jogo puramente construtivo. afirma-se o mundo da experiência como totalidade aberta. A sua expressão não é isenta de vínculos num diálogo entre a intuição livre e as leis formativas da arte a que se acrescenta a invenção de sua própria regra. Afirma-se aqui um jogo de correspondências, na estrutura visível da obra e todo o trabalho cultural que a antecede. Assim na construção da verdade que lhe corresponde encontramos a estrutura simbólica da sua versão dos mundos possíveis.
Sabemos que o jogo da arte não é só um jogo, que a compreensão e a criação caminham juntas.
Aqui, o jogo como sistema de representação não alheia ao conhecimento de que é expressão construtiva, regula-se internamente por processos de imaginação poética, atentos às dinâmicas do sistema cultural que o determina.
A simbolização aparece como modo de apreensão da realidade. Partilha com a ciência, a tarefa essencial, para uma mesma actividade cognitiva, de criar sistemas de símbolos, estando a diferença nos processos simbólicos utilizados.
Aqui o sistema não verbal é de referencia múltipla, indirecta e complexa e passível de interpretação não consensual.