‘O nada que me dita aqui’

 

‘QUARENTENA – Memórias de um País Confinado’ –
‘O nada que me dita aqui’ por Filipe Garcia 2020

Este é um tempo sem precedentes na nossa história. A pandemia que atravessamos está a ter um impacto na saúde daqueles que nos são queridos, nas empresas de que dependemos e na forma como vivemos o nosso dia-a-dia. Todos estamos juntos a navegar neste mar de novos e únicos desafios. E o Grupo Editorial Chiado sempre esteve, está, e estará cá para todos os Autores e Leitores.
Nestes mais de 10 anos no mercado em Portugal e 5 no Brasil resistimos juntos a diversas tempestades e nunca nos desviámos do nosso compromisso de manter acesa a chama da literatura.
Assim, a Chiado Books anuncia que se encontra a organizar a obra QUARENTENA – Memórias de um País Confinado (enviamos a capa da obra em anexo).
O lançamento da obra irá realizar-se quando toda esta situação se encontrar terminada e todos estivermos bem, em local a anunciar oportunamente.
Temos muito gosto em convidá-lo/a a enviar uma prosa ou poema, que espelhe a forma como está a viver esta Quarentena, para que seja apreciado e possa constar desta Obra.

Da minha varanda, vejo as árvores a serem fustigadas pelo vento forte. Não existe confinamento para o que nos inunda de gravidade. Digo: a terra. Novos silêncios e partículas muito frágeis começaram a nascer no sonambulismo que estava esquecido.
As cidades desoladas, esqueceram os pés em todas as ruas. Mas, e voltando ao vento, digo apenas, que nada estrangula  a fúria da esperança. E nesta paciência que lambe paixões muito espessas, estremeço nas palavras que não contaminam.
Portanto, basta escrever.

Ricardo Novais

Quarentena – Memórias de um país confinado – Portugal

Autor: Vários Autores
Data de publicação: Agosto de 2020
Número de páginas: 994
ISBN: 978-989-52-8827-4
Colecção: Palavras Soltas
Idioma: PT

‘O nada que me dita aqui’

Sabemos pouco ou quase nada
da vida em que vivemos
pois assim foi desenhada
para dela nada sabermos.

Mas se assim o quiseres
podes sempre descobrir
no silêncio do desenho
o nada que me dita aqui.

Estou a escrever a versar
pois com versa quero fazer
neste mundo a desligar
no meio de tanto saber.

Ando a tentar ler a vontade
que no final é poesia
deste pranto de lamentos
que do mental o mundo urdia.

 

Percepto a tentar esclarecer
entre a mente e o meu corpo
que sabendo ser projecção
de lamento tenho pouco.

Escrevo a torto e a direito
porque as palavras não são minhas
eu apenas as aponto
porque não as adivinhas.

Já não sei a quantas ando
por estar já meio parado
só queria era contar
que alvíssara vai no adro.

Filipe Garcia 2020