Present in place I

 

pre.sent.in.place nova.placia to no.placia Curadoria de Performance by Filipe Garcia & Direcção Delfim de Sousa Casa Museu Teixeira Lopes & Quar(c)k productions 2012

pre.sent.in.place nova.placia to no.placia acontece com a necessidade de um novo olhar, mais genuíno e focado sobre o processo de activação da observação da criatividade consciente e responsável na arte contemporânea, no museu, e no espaço público, sendo o autor e o espectador o quarto elemento que leva à forma, o plano da ideia em acção presente na performance.

Este projecto pretende antes demais propor uma observação relacional diferente; quer ao conteúdo do passado, que se encontra no museu, quer ao conteúdo presente da forma e da acção no museu, quer à possibilidade de perspectivar acções futuras que sustentem, quer o seu passado, quer o seu presente, quer o seu futuro. E a partir daí, se possa interligar esses tempos de forma a que se entenda, que eles unidos podem, e devem contribuir para uma maior abertura experiencial entre as partes que constituem o todo da arte e da criação, que pelo espaço museológico aconteceu, acontece e continuará a acontecer.

 

 

pre.sent.in.place = 12 propostas de tempo habitam o espaço Casa Museu Teixeira Lopes!

Tempo que assume o dinamismo da mensagem criativa que inquieta o emissor artista (performer) / ou / o simples desenvolvimento artístico que visa semear o estranhamento nas certezas feitas do adormecido senso comum.

A Casa Museu Teixeira Lopes, espaço de acolhimento interactivo, neste processo de inquietação /ou/ de despertar suscita ao receptor/visitante a experiência da criação que está pronta a germinar a semente dum novo tempo: a Arte!

A performance é expressão artística em absoluta liberdade que não se prende a espartilhos de tradição, mas se amplia nas ideias através de luminosos processos de acção estética em devir…

Delfim Sousa

Director da Casa Museu Teixeira Lopes

Qual a percepção ou (a)percepção que temos do presente da acção e sua correspondente criatividade se passamos o tempo todo, esse que é só presente, ou no passado ou no futuro mental? Este projecto de curadoria de performance na Casa Museu Teixeira Lopes quer experienciar essa mesma aproximação da realização activa, relacionando o contexto do agora com o do passado que o museu representa na sua memória, assim como a clarividência de futuro no presente. Para isso propôs-se aos artistas uma introspecção primeiro no momento estético do fazer ou não, sendo esse presente o da sensação contemplativa que temos efectivamente entre o ser sujeito consciente, e a ilusão que nos perde no tempo e na exterioridade, transformando-nos em objectos, e o outro, o ético que nos coloca na alteridade presente do além, esse que nessa sincronicidade sou eu também. Tentamos entender o centro esse que flui entre a estética e a ética do caminho da acção entre a vontade interior e o conhecimento exterior observando-se a sí própria em consciência da sua singular idade.

sexta 23 # | 21h30 | filipe garcia | artista | filipe garcia | pre.sent.in.permanência | colaboração: luzia peixoto | atelier central | duração ± 30’ | água, planta, pedra, plintos, caixa, frasco, agulhas acupunctura, silêncio. “Paradoxalmente ocupados, mas em repouso contemplativo sobre o silêncio presente no espaço da singularidade que somos, observamos a consciência em permanência subtil entre a vontade interior e o conhecimento exterior até que a frónesis cria e revela com clareza a sincronicidade de tudo, aqui e agora”. filipegarcia.org mail@filipegarcia.org

sexta 23 # | 22h | hugo soares | artista | hugo soares | “prótese” | (colaboração: filipa guimarães | atelier central | duração 20’ a 30’ | madeira plástica, terra, terracota, água, ar e saliva. Pausar o termómetro temporal, ou apenas fazer uma inversão. Transformar uma linha num só ponto. Primeira consciência, entre a ideia do ser agora. Sexo, primavera, mãe, morte. pseudomorfose.blogspot.pt hugosoares1987@gmail.com

sexta 23 # | 22h30 | andré fonseca | artista | andré fonseca | Música para minerais | atelier teatro | duração 20’ | mesa de mistura 4 canais, amplificador e colunas, microfone, piano. Hoje falo para um mineral e para os seus semelhantes. Ele escutar-me-á como nunca ninguém me escutou, falo em nome dos amigos minerais e de alguns humanos com sensibilidades duras e delicadas. andrefonseca.org deaf.by.visuals@gmail.com

sexta 23 # | 23h | hugo de almeida pinho | artista | hugo de almeida pinho | “iste ego sum, iste quae?” | atelier central | duração 20′ | película super8 (7mt), projector super8 | 2012. No título em latim lê-se, “este sou eu, este quem/qual?”. No livro Metamorphoseon, o poeta romano Ovídio escreve, “iste ego sum! sensi, nec me mea fallit imago”, no contexto do relato do mito do Narciso e da Ninfa Eco. É pela deriva da percepção da unidade e da representação do corpo em metamorfose que a mitologia nos é relatada pelo poeta. Perante a imagem da sombra e do duplo, surge a pergunta, a necessidade de esclarecimento. Em diálogo o Corpo e a sombra projectada, a Imagem projectada e a sua sombra. emaildohugopinho@gmail.com

sábado 24 # | 15h30 | alexandre a. r. costa | artista | alexandre a. r. costa | Hoje (e depois de amanhã), parte I | duração indeterminada | rolos de fita-cola grossa, uma tesoura, uma mesa branca. A acção desenvolve-se em três momentos, o primeiro é de diálogo, confronto e apropriação; o segundo de processamento e reconstrução; o terceiro de proposição curatorial. A acção que envolve o(s) corpos é um medium pelo qual percorrem matéria, informação e energia do espaço, do que esteja nesse espaço e o tempo do próprio acontecimento. alexandrearcosta.com alexcosgus@gmail.com

sábado 24 # | 16h | marta bernardes | artista | marta bernardes | ENUNCIADO | colaboração: filipe garcia | sala da literatura | duração 15’ a 20’ | folhas de papel, canetas e enunciado. NOÇÃO DE PERSPECTIVA Ali. Vês.Ao longe.                                          No ponto de fuga. É ali que começa a violência. meninamarta.bernardes@gmail.com

sábado 24 # | 16h30 | patrícia oliveira | artista | patrícia oliveira (out), “maria” oliveira sanches (in) | Para ti, pão, mel e rosas! | duração 180’ | atelier arte sacra | 1 masseira; 1 bico eléctrico; um forno eléctrico; farinha milha e centeia; água quente; sal; fermento; uma extensão eléctrica. Amassar farinhas como quem trabalha o barro, a terra, modelar a matéria. Tempo de espera.Coser pão e partilhá-lo com o outro como simbolo de presença de Amor. contact.oliveira@gmail.com

sábado 24 # | 17h | joão gigante | artista | joão gigante | “Lapis-lazuli” | sala negra | duração 20’ a 30’ | corrente eléctrica, extensões e réguas eléctricas, colunas, amplificador, mesa de mistura, guitarra, guitarra de arco, bandolim amplificado pedaleira, DI, PC, mesa de madeira. O som é a matéria da origem que denúncia a virtude do corolário. O corpo revela-se débil à circunferência que o segmenta. Rotação hipnótica da matéria, a plasticidade do corpo. joaogigante.com joaommgigante@gmail.com

sábado 24 # | 17h30 | sónia carvalho | artista | sónia carvalho | “Between Skins” I | atelier central | colaboração: linda trotszky & ainu tattoo | duração 60’ | plintos, máquina de tatuagem, tinta azul e cor de rosa, P.A., microfone, colunas. Do plano da representação, ao plano do espaço, a figura do artista, assume uma maior presença na sua ausência, onde o poder da não presença da imagem provoca no espetador uma sensação de intemporalidade, um eco do tempo presente que ocupa espaçosoniacarvalho.com soniaisabel.pereiradecarvalho@gmail.com

sábado 24 # | 18h | maria trabulo | artista | maria trabulo | Contratempo, já é pedra quem parado se mantém. | sala soares dos reis | duração 20’ a 30’ | construção em vidro, projector de slides, objecto tipo vassoura. O presente é potencialmente um instrumento de poder. O presente é potencialmente um instrumento de reflexão. Empilhar é a lógica. Indica-se por onde seguir. O que seguir. Amontoados de pedras que alguém do passado deixou e nos fazem seguir. O presente é potencialmente um contra o tempo. Os presentes são potenciadores. damariatrabulo.tumblr.com da.mariatrabulo@gmail.com

sábado 24 # | 18h30 | dalila vaz | artista | dalila vaz | Ensaio de repertório I | atelier central | duração 20’ a 25’ cartão, grafite, tinta. A sobreposição de interesses paralelos no processo de trabalho, traduz-se em múltiplos campos que fui coleccionando e desenvolvendo, num discurso que reflectisse um mapa de coordenadas que se interligam. Corpo, espaço, acção, marca e registo são palavras chave que se desdobram neste processo dando origem a uma malha de conceitos que a própria prática revela. cargocollective.com/dalilavaz dalilavaz@gmail.com

sábado 24 # | 19h | manoel barbosa | artista | manoel barbosa | colaboração: sónia carvalho | BROOMLRT #0 | sala negra | duração 50’ | mesa, projector de slides, luz negra, PC e colunas, fios de nylon, papeis | 2012. BROOMLRT #0 é a primeira de quatro performances sobre as memórias visuais, sensitivas, sonoras e físicas vividas pelo autor aquando de uma dupla overdose, NYC, Outubro de 2011. Prazer. Martírio. Sonho. Ausência. Luz. Caos. Mahler. Água. Cor. Ruptura. Ausência. Música. Distância. Corpo. Sexo. Cristo. Mapeamento. Big Bang. Voz. Velocidade. (In)solvência. Guerra. Som. Ilusão. Negritude. Zero. Branco. Arte. Etc.manoelbarbosa.wordpress.com  barbosa.manoel@hotmail.com

A necessidade dessa pré e pós-história são o espaço tempo necessário, à memória, ao mental, e ao físico para a actividade que se pretende, pois são ao nível da percepção e da (a)percepção o continuo que comporta as acções, muito embora a experiência que as acções pretendem, se insira no que realmente aqui nos interessa, o presente.

Pretende explorar, pensar, mas fundamentalmente sentir: in site, in loco, in reality, o momento da acção conscientemente criativa do ser no presente, e, do seu tempo respectivo, que assente no processo da acção per.form.ativa, pretende uma aproximação da realidade da consciência quer individual quer colectiva, sobre o seu próprio caminho da contemplação a realizar.

Sugere levar ao espaço do museu, e ao encontro da figura do tempo representada na escultura; a presença da figura do presente da acção através do corpo que apresenta o trabalho performativo e do corpo que está presente para o receber, tentando nessa dialéctica estabelecer percepções exteriores e (a)percepções interiores, sobre os resultados sentidos dessa conversa com esse mesmo momento a realizar, na construção da relação entre a ideia e a forma que representamos.

E é por essa razão que pretende explorar como primeiros meios da acção, o corpo, a sua presença, o seu silêncio. Depois o movimento, e o seu barulho como primeiras insinuações criadas do que está presente na acção per.forma, e nos seus limiares de simplicidade sensitiva/conceptual, no entanto, efectiva na transmissão de conceitos quer éticos quer estéticos, para que se possa ter maior lucidez, do que entendemos quer por “performance” quer por obra de arte, quer por nós próprios como seres criadores da complexidade.

Mais do que valores ideológicos, políticos, ou estéticos, o museu parece-me que terá de integrar como única forma de abraçar o “futuro”, os valores éticos/estéticos em profunda associação, pois são eles que fora da normalização da moral e dos costumes nos podem dar a visualizar não uma utopia, ou uma no.placia geracional negativada, mas antes bases que sejam intemporais, quer na observação da realidade, quer na realização da mesma, sem desvios quer da vontade quer do conhecimento intuído ou construído.

Assim sendo, e para complementar a boa compreensão quer dos autores quer dos espectadores no processo de apreensão que a performance realiza no observador, parece-me essencial que no fim de cada ciclo de apresentações se desenvolva uma conversa sobre as impressões e problemáticas levantadas nas acções, para além do registo de vídeo e áudio, que ficarão para arquivo, quer do museu quer dos artistas e que constará também numa revista, que reunirá quer os textos quer as imagens necessárias à boa compreensão do acontecido que sugiro que tenha o nome nova.placia.

Posto isto, parece-me que, o acontecer de ciclos pontuais de performance num museu que representa a escultura seja fundamental para inter-relacionar as partes entre a ideia e a forma construída no percepto da criatividade.

Para isso, penso ser importante levantar algumas questões sobre as dinâmicas e eventuais possibilidades de evolução dos espaços museológicos:

 

O que é a curadoria de um Museu?

Quais as suas possibilidades de inovação na transmissão de uma consciência criativa mais contemporânea?

Como introduzir novas perspectivas curatoriais num espaço museológico que se encontra de alguma forma assente em dinâmicas de representação formal, e quais as suas vantagens?

Poderá ser a performance um motor não institucional que ajude a fazer a ligação entre o exterior e o interior, do individuo e do museu?