The other’s book of books
“Uma experiência terciária sobre o paradoxo performativo na (re)construção de outras narrativas poéticas perto da fronteira do plágio formal”.
“A escrita é um lugar neutro, onde vai parar o nosso sujeito, o branco e o negro onde se acaba por perder toda a identidade, começando pela própria identidade do corpo que escreve.” Barthes (1987), La muerte del autor, p. 65.
Na linguagem, a palavra, coisa que se compõe de duas partes e se apresenta para se voltar a dividir.
Aqui o texto é trabalhado de uma maneira apalavrada numa conquista rápida e de preferência intuitiva, sobre o virar da página. Não pretende ser mais do que um (r)escrever do que lá está, mas não se encontra perceptível, trabalho intuitivo que se apresenta sobre as possibilidades dele próprio, num infinito de variáveis de acção.
Sobre o conteúdo, uma espécie de Dadaísmo conotativo, poesia livre, espaço de encontros e desencontros no deambular processual da procura dele próprio.
Na metodologia três paradigmas: o primeiro pressupõe a rapidez da escrita automática, onde o pensamento tem que corresponder ao desígnio instantâneo da narrativa crescente; no segundo a tangente ao plágio, assim entendido: só são retirados no máximo três elementos de cada página, e nesse sentido o que se define não passa de um plano de acção tangente a uma tridimensionalida-de, mas ainda aquém do corpo que corrompe o autor; no terceiro o critério impreterível de (re)tirar elementos (palavras) de todas as páginas desde a capa à contra capa.
O fim é incerto mas abrangente, provavelmente acabará em poesia Haiku onde a analogia e a própria metáfora já não estão mais inscritas, criando assim lugar a mais uma outra percepção do trabalho possível sobre a visibilidade da linguagem e a sua construção.
ज्ञानेन स्थिरं मनः विशुद्ध सत्वं कामयते.
यथेप्सितम् कामानामुपभोगेन यो नरः न हृष्यति
स लोके समुपस्थिते महात्मनो तृष्णां त्यजतः सुखम धार्यते.
तेजस्वी पुरुषः प्राकृतनिकृतिम् न विस्मरति
स्थाप्यं चेतो न दुःस्थितम् व्यसनेषु निरुद्वेगा
आपस्तु धीराः मनीषा स हि व्रतेन दीक्षामाप्नोति.
सत्यवादिनः सत्यमेवोपचारः सत्यम वै चक्षुः सत्यमेव जयते.
धर्माणां सत्यमुत्तमम् सत्यवचो हितं नृणां.
४.सत्यमेकपदं ब्रह्म सत्यमेव भजेत ततः
सत्यम स्वर्गस्य सोपानं सत्यम धर्मः सनातनम
सत्यस्य वचनं श्रेयः ब्रूयत्कल्याणभाषितम्.
५.वाण्येका समलङ्करोति पुरुषं वाणी गुणमेव भाषते.
सत्यनियत्वच वचसा सुजनम् सुखं खलु लभ्यते.
६.सत्ये तुष्येद् अग्ने नय सुपथा राये
न श्वः श्वमुपासीत कर्मा हैव तत्प्रश्शंसतु.
यान्यवद्यानि कर्माणि तत सेवेत यत्नतः
कर्मण्यरभामादं हि पुरुषं नित्यं शुभकर्मां समाचरेत.
७.अवश्यम लभते कर्ता पापानां कर्मणां फलं
सर्वथा व्यावसीदन्ति प्रभावती पूरुषः
८.कर्मणा मनसा वाचा कृतः पुरुषकारस्तु
कर्मयोगमसक्तः स कुर्वन्नपि न लिप्यते.
९.अनुत्तिष्ठेट्समारब्ध बुद्धिप्रयत्नोपगताध्यवसायाद
विघ्निःपुनःपुनरपि प्रतिहन्यमानाः कार्यार्थी न गणयति दुखम.
९.अनुत्तिष्ठेट्समारब्ध बुद्धिप्रयत्नोपगताध्यवसायाद
विघ्निःपुनःपुनरपि प्रतिहन्यमानाः कार्यार्थी न गणयति दुखम.
१०.उद्यमो मित्रवत ग्राह्यः आलम्बनमात्मपौरूषम
प्रज्ञाबलबृह्नमूलः मार्गरब्धाः सर्वायतनः फलन्ति.
Este projecto acontece em três momentos.
A primeiro, é a procura da obra poética que serve de estrutura para a realização do livro, sendo ela conhecimento exterior percepcionado, para além de um questionamento à problemática da ética e da sua aproximação no processo de uso da obra.
O segundo o próprio livro, centralidade inerente ao percepto e às possibilidades de construção abstracta de novas narrativas poéticas.
O terceiro analogia à vontade do leitor sobre a obra, no sentido de no próprio livro “A book of books” existir espaço para o leitor escrever, segundo a metodologia usada, o seu próprio texto poético sobre a obra em questão. Para por fim, e com base em todos os textos escritos sobre a obra em Sanskrit, editar um terceiro livro, esse já totalmente público, completamente imprevisível e paradoxal.
Neste sentido este projecto vai ao encontro de uma participatividade que vem de uma exterioridade paradigmática que é a obra poética utilizada, passa pelo percepto, o livro “A book of books”, e parte por fim para o público em geral que irá escrever sobre algo já (re)escrito. Assim, neste sentido o livro, cumpre-se como algo que activa quer a vontade interior, quer o conhecimento exterior numa abstracção a realizar.
‘The other’s book of books’ Public Art Project by Filipe Garcia BHU – Dr Suresh K. Nair Visual Arts & Dr Mamta Mhera Sanskrit University’s Varanasi India 2013