Whats happening II

 

‘Whatshappening II’ acontece num espaço onde a fronteira entre a participatividade, o mapa pessoal e colectivo e a consciência ecológica se tocam ainda que muito experimentalmente, embora contenha já em si, o numerário que a vai fazendo acontecer. A ideia ganha forma de giz branco como uma imaculada linha desenhada para criticar o aparentemente invisível, aos olhos de quem não quer ver, é um processo de chamada ao inevitável, um diálogo de perspectivas que constroem o registo do conjunto, ali presente, embora imperceptível. A abordagem é intuitiva, controlada apenas pelo constante devir da informação que quer registar, a precisão de um movimento que é de todos.

Neste segunda abordagem o processo já teve intervenientes diferentes, três performers, dois dos quais realizaram uma performance dentro do próprio happening, artistas formais e público em geral. Neste segundo whatshappening foi dado a todos os intervenientes as mesmas quatro coordenadas:

1- Partir ao encontro de elementos anti-éticos e estéticos, durante o processo da acção.
2- Numerar todos os apontamentos realizados no chão.
3- Usar os três paus de giz até ao fim.
4- Ir no final relatar o número de acções realizadas à câmara.

No entanto neste segunda acção, o processo realizou-se de forma bastante mais entrópica e desconcertada. Poucas pessoas acabaram o giz, muito embora só fossem dois paus de giz desta vez, pelo menos metade esqueceram-se de vir relatar no fim o número de apontamentos, assim como o nome para que consta-se nas estatísticas, e a própria expressividade e criatividade no processo pareceu-me bastante mais descuidada.

Neste sentido parece-me interessante de concluir que:

As pessoas tem vontade de participar, no entanto sentem-se rapidamente desconfortáveis com a situação que estão a experienciar, isso parece-me acontecer; primeiro por não se sentirem confortáveis no espaço público, e depois devido a não estarem presentes no processo com elas próprias, estando mais preocupadas, com quem as está a visualizar naquela situação, ou seja sentem-se expostas, e neste sentido não se cumprem, estão apenas a faze-lo para afirmar que o fizeram, ficando pelo meio, num processo de disponibilidade mas de eminente ruptura.

Sendo assim parece-me que este tipo de acções são fundamentais para nos expormos primeiro a nós próprios depois aos outros de forma a que se invalidem comportamentos morais instituídos, e de forma a que se perceba e pratique uma criatividade mais activa mais ética e estética para além de consciente, quer nas nossas actividades quer nas nossas (re)actividades diárias.

‘Whats happening II’ Happening by Filipe Garcia (com a participação performativa de André Fonseca e Hugo de Almeida Pinho) Cadeia da relação Cordoaria Porto PT 2011